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Discos antigos voltam às lojas com material bônus e novos encartes.
Consumidor fiel garante vendagem de títulos de catálogo.


O fantasma da pirataria, que assombra a indústria fonográfica desde o fim do século passado, parece ter encontrado um sério inimigo nos primeiros anos do novo milênio. São as reedições revistas e ampliadas de álbuns de catálogo que, de volta ao mercado, ajudam na recuperação da saúde financeira das gravadoras e promovem a festa entre colecionadores e aficcionados por música.

Artistas como Jimi Hendrix, Beatles, The Clash, Rolling Stones, The Stooges e Miles Davis, além dos brasileiros Jorge Ben Jor, Wilson Simonal, Dolores Duran, Nara Leão e Cazuza, entre outros, voltaram a ocupar as prateleiras das lojas em relançamentos turbinados por faixas-bônus, áudio remasterizado, documentários em DVD e encartes luxuosos com textos informativos, fotografias inéditas e fichas técnicas completas.

A tendência não é exatamente uma novidade. Um movimento parecido aconteceu nos anos 90, quando o CD alcançou o auge da popularidade comercial. Entretanto, o procedimento parece ter adquirido recentemente um caráter de urgência, como aponta Rodrigo Ratto, diretor de vendas da Universal Music.

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"Os relançamentos e edições luxuosas ganharam evidência devido à solicitação dos consumidores e lojistas especializados em busca de material inédito e diferenciado. Além disso, esta estratégia tem nos ajudado a driblar a pirataria. Com isso, a gravadora que possuir um bom catálogo vai sempre se destacar. Não acredito que seja uma saída para a crise, mas é uma ótima oportunidade de negócio", disse Ratto.

"Existe demanda"
Sob o mesmo raciocínio, o produtor e músico Charles Gavin, responsável pela recuperação de álbuns de artistas como Secos & Molhados, Tom Zé e Walter Franco, se faz valer de uma pesquisa particular de mercado para apresentar às gravadoras uma proposta de reedição rentável.

O guitarrista Jimi Hendrix
O guitarrista Jimi Hendrix, que teve seus discos
relançados no Brasil em junho

"Primeiramente verifico o interesse de um determinado título junto a alguns amigos, lojistas e jornalistas especializados, inclusive fora do Brasil. Porque, quando surge a ideia para um projeto, procuro sempre pensar no mercado externo. Definido isso, apresento esse argumento para a gravadora. É quase que uma pré-venda. Quando eu chego com a lista de possíveis relançamentos, já tenho noção se vai emplacar. Muitas vezes, cerca de 40% desse produto já tem destino. As pessoas precisam entender que existe demanda", conta Gavin, que organiza para a EMI uma caixa com todos os álbuns gravados por Marcos Valle na então Odeon, nos anos 60 e 70.

A coordenadora de marketing estratégico da Warner Music, Fernanda Brandt, conta que a iniciativa para um trabalho de reedição também pode partir de outras fontes.

"Aqui na Warner estamos com três projetos em andamento: uma caixa de Baden Powell, os discos de Pepeu Gomes pela gravadora e a obra de Nando Reis. No caso de Baden, a proposta foi feita pelo pesquisador Marcelo Fróes. Já os álbuns de Pepeu, foi ele mesmo quem se interessou em relançar. No caso do Nando, fomos nós que o procuramos para conversar. Por isso é importante manter sempre um bom relacionamento com produtores e artistas", conta a coordenadora.

Entre as vantagens de se trabalhar com obras em catálogo está o baixo custo em relação ao investimento para lançar um novo disco: há utilização de estúdios em menor escala e quase nenhuma necessidade de divulgação — por se tratar se artistas populares e, em sua grande maioria, já consagrados.

"Além disso, existe um público consumidor com idade superior a 35 anos que quer refazer sua discoteca. E não se importa em pagar por qualidade. Por isso, procuramos caprichar no conteúdo e na apresentação desses produtos. Dessa forma estes títulos não caem na mão da pirataria", explica Jorge Lopes, diretor comercial da EMI, empresa que já anunciou o relançamento da obra completa do Legião Urbana (em setembro), além de todos os discos solo do ex-beatle John Lennon remasterizados (em outubro).

Polêmica
Para aumentar ainda mais o interesse por uma reedição, é comum o acréscimo de canções extras à obra original — geralmente versões alternativas ou demo de músicas já listadas no repertório do álbum ou inéditos registros ao vivo. O item polêmico é a remixagem das faixas, resultado final obtido depois do ajuste dos níveis de volume de cada instrumento e da voz gravados na música.

O produtor e pesquisador Marcelo Fróes
O produtor e pesquisador Marcelo Fróes

"Quando tenho a chance de remixar para o estéreo uma faixa que só existia em mono, é um grande prazer. No meu conceito, essa é a grande justificativa para se remixar um disco. Do contrário, você corre o risco de mudar todo conceito. Já ouvi discos remixados em que erros grotescos foram cometidos, e outros realmente ficaram diferentes demais. O mais importante é uma boa remasterização, afinal relançamos discos pelo prazer de resgatá-los. Não vejo sentido em violentá-los com remixagens desnecessárias", diz Marcelo Fróes, responsável pela reedição de toda a obra de Roberto Carlos e Gilberto Gil, entre outros trabalhos.

O produtor e pesquisador Rodrigo Faour, responsável pelas caixas com a obra de Dolores Duran, Ney Matogrosso e parte dos álbuns de Caetano Veloso na série "40 anos Caetanos", também vê o processo com restrições.

"Na maioria das vezes, sou contra. Com a remixagem, você descaracteriza o fonograma. Tento preservar o original, só que com um som mais claro. Quando relancei os discos de Maria Bethânia em 2008, muitos dos LPs tinham um som abafado. Com a tecnologia que temos hoje, tratamos o original e ficou maravilhoso. Mas não introduzimos nada de novo, apenas melhoramos o áudio. Até brinquei quando os CDs saíram. Disse: ‘Quem tem os antigos, pode jogar fora e comprar os novos’”, declarou Faour, que organizou o disco "Sabiá marrom – O samba raro de Alcione", de canções raras e inéditas da cantora, lançado este mês.

'Muito por fazer!'
Mesmo sob este risco, os relançamentos e reedições parecem ter mesmo conquistado gravadoras, produtores, consumidores e, principalmente, os próprios artistas.

"Eles adoram. Recebo telefonemas todo o mês de gente querendo que eu relance discos. Não depende apenas de mim, faço o possível. Porque sou um apaixonado por música", diz Faour, que considera o trabalho uma prestação de serviço à memória cultural do país.

Fróes, que atualmente prepara caixas de Gal Costa, Zé Ramalho e Milton Nascimento — com o envolvimento direto de todos eles —, segue a mesma direção: "Há muito por se fazer!"

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