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Quando Adriana Calcanhotto tinha três anos, perguntavam o seu nome e ela respondia, convicta: Adriana Partimpim. O pai da futura cantora achou tão engraçado que adotou o apelido definitivamente. Mal sabia ela que a fantasia viraria pseudônimo, e que ele renderia dois álbuns infantis. O recém-lançado “Partimpim 2” reúne composições autorais e versões de músicas de Heitor Villa-Lobos, Roberto e Erasmo Carlos, João Gilberto e até Bob Dylan.

“A meta principal era não fazer o álbum soar como um disco infantil”, diz Adriana. “Música para criança que aborrece os adultos é na verdade uma música aborrecida. E acho que na realidade as crianças ouvem o que está no mundo adulto: na TV, no rádio, na internet, no carro. Muitas vezes elas elegem coisas que não foram pensadas para elas. O ‘Circo místico’ [de Chico Buarque], por exemplo, não sai de catálogo porque as crianças compram. Uma das coisas que me movem é fazer música para que as crianças se divirtam e os adultos também.”

Adriana diz não gostar das separações por gêneros. “A única maneira de deixar a música realmente mudar a sua vida é ouvir com os ouvidos abertos.” Leia entrevista com a cantora a seguir.

G1 - Como foi escolher o repertório do álbum? Existe algum elemento que chama a sua atenção nas músicas quando prepara um repertório infantil?
Adriana Calcanhotto -
É uma mistura de elementos, algo muito subjetivo. É dificil explicar o que vai me fazer botar aquela canção na lista de possibilidades. Às vezes acontece como em “Alexandre”, do Caetano. Eu achava a gravação dele tão perfeita que a música não precisava ser gravada novamente. Aí pensei que para as crianças ouvirem seria um outro contexto, então achei muito bacana gravar.

G1 - Aconteceu algo parecido com “Gatinha manhosa”, de Roberto e Erasmo Carlos?
Adriana -
Essa foi uma canção que quis ser gravada. A escolha dessa música foi algo que aconteceu pela primeira vez na minha vida. Ela sequer esteve jamais na minha lista de possibilidades. Nunca tive relação especial com essa música, tanto que quando estava com ela na cabeça fiquei cantarolando a letra errada, tamanha a falta de intimidade. Achei muito bacana uma canção querer ser gravada, e não vi por que não atender. E uma coisa legal é que percebo impresso no som que aquilo é novo para mim, apesar de todo mundo conhecer.

G1 - A sonoridade das canções vai da música eletrônica aos ritmos nordestinos. Houve uma preocupação em variar os estilos?
Adriana - Isso é uma consequência, acontece na etapa dos arranjos. Eu não escolheria as canções com esse critério. O que me chama atenção é um todo: o que o autor está dizendo, o que o poema está dizendo, de que forma ele está encaixado naquela melodia. Aí depois a maneira de registrar, de tocar, é que tem um pensamento especificamente rítmico, melódico, ou de timbragem.

G1 - Como você se prepara pra gravar como Partimpim?
Adriana -
Isso é bastante fluido. A Partimpim carrega objetos, ela gosta de acúmulo, guarda coisas. Ela guardou todos os bilhetes e brinquedos que ganhou das crianças, é o oposto da Calcanhotto. Ela leva tudo para o estúdio, convive com aquelas coisas, e as pessoas que estão trabalhando no projeto acabam contaminadas com isso. Quando me dou conta os músicos estão lá, cheios de ursinhos. É como se fosse um fio de meada, você puxa e deixa ir.

G1 - De que maneira surgiu a vontade de gravar um repertório infantil? Você já havia tido contato com esse universo antes?
Adriana -
Veio de algumas ideias comuns, mas bastante exteriores. Uma delas era: por que não oferecer uma alternativa para um público que ouve sempre o mesmo modelo de disco? Eu acho que tem de ter tudo, não tem de patrulhar nada, mas não pode ter uma coisa só. Acho que na música brasileira a gente tem o privilégio de ter tido autores como Villa-Lobos, Vinicius de Moraes, Chico Buarque - pessoas que se dedicaram à música para crianças no mesmo nível em que fizeram música e poesia para adultos. Durante um tempo teve um certo vácuo. Só em 1994, quando trabalhei com o Hermeto Pascoal - ele chegou no estúdio com um monte de patinho de borracha - é que eu vi uma coisa menos abastrata, mais ao alcance das mãos. Aí eu me lembro de ter pensado concretamente. A partir daí comecei a selecionar o repertório. É uma lista que existe até hoje.

G1 – Como a presença de crianças no estúdio, como Mano Wladimir, filho de Marisa Monte, afetou as gravações?
Adriana -
A gente cometeu a insanidade de soltar 37 crianças no estúdio durante a gravação. Teve o mínimo possível de aduto. Nem todos estão nos créditos do encarte porque alguns eram bebês e não cantaram. Foi muito bacana, eles ficaram encantados com tudo, era o mundo maravilhoso do estúdio, da invenção da música. E também foi o primeiro contato que o disco teve com o mundo, as crianças vieram ouvir e cantar com a gente.

G1 - Como você chegou à versão infantil de Bob Dylan para “Man gave name to all the animals”?
Adriana -
Eu estava começando a trabalhar numa versão dessa música e estava vendo o tamanho da encrenca. Naquele momento eu vi na internet que estava saindo o disco do Zé Ramalho com músicas de Bob Dylan aprovadas pelo próprio Dylan. Comprei o disco, tinha a canção e eu acho que estava muito bem resolvida. Fiquei felicíssima.

G1 – Você fará shows de ‘Partimpim 2’ em 2010?
Adriana -
Eu não faria um disco esse ano, porque ainda estou divulgando o álbum “Maré”, mas ele se apresentou para mim com uma urgência, uma necessidade de ser feito logo, e eu não trabalho assim em geral, isso é muito novo ainda. Eu decidi apostar nisso, mas já tinha compromissos marcados, shows na Europa. Mas, no ano que vem, a ideia é tocar pelo Brasil.

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